Resenha – “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley


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Admirável mundo novo, de  Aldous Huxley, retrata um futuro que já não parece mais tão distante. Nele não existem mais pais e mães, inclusive sugerir isso chega a ser uma das piores ofensas que se pode dizer a alguém. Todos os seres humanos são criados em laboratório. Eles são selecionados, manipulados biologicamente, condicionados de forma a pertencer a uma determinada casta e estarem felizes com isso. Afinal, todos são felizes. Ao menos é o que todos são condicionados a acreditar.

Como exemplo de condicionamento, logo no início, veem-se bebês de uma casta baixa, a Delta, serem submetidos a choques quando aproximam-se de livros e plantas. O intuito era criar um ódio por eles que duraria toda a vida, dessa forma os Deltas jamais perderiam tempo lendo livros (correndo o risco de começarem a ficar insatisfeitos com o seu papel pré-estabelecido) ou gostar de coisas naturais, como passeios no campo, que não custam nada além de transporte e jamais dariam lucro a alguém.

Tudo o que é longo e duradouro é duramente criticado. A felicidade e o prazer devem ser instantâneos. Por esse motivo, conceitos de famílias são tidos como vulgares. Todos são de todos e se prender a uma única pessoa é algo quase obsceno e não é bem visto pela sociedade. Se você deseja alguém, você sai com ela e pronto. Não há compromissos, nem vínculos emocionais.

E se por algum motivo você começar a se sentir incomodado com essa sociedade, ou mesmo com qualquer outra coisa, basta tomar uma dose de soma, uma espécie de droga distribuída pelo próprio governo que faz com que a pessoa fuja da realidade dos seus problemas.

É neste contexto que somos apresentados a Bernard Marx, da casta Alfa Mais (a mais alta), um indivíduo que começa a questionar determinados padrões de sua sociedade. Ele sente-se incomodado com o fato de ser diferente fisicamente dos indivíduos de sua casta e por nutrir uma certa paixão por Lenina, da casta Beta Mais, um sentimento que o faz querer algo mais profundo com ela do que o tipo de relacionamento superficial que é considerado como ético pela sociedade. As pessoas não o consideram normal.

Em um certo dia, em uma viajem de trabalho, ele vai para um lugar chamado “Malpaís”. Um nome bastante sugestivo, afinal, trata-se de uma “reserva de selvagens”. Um lugar ainda intocado por aquilo que a sociedade chama de civilização (semelhante às atuais reservas indígenas), destinado a preservação dos costumes passados, onde as pessoas ainda vivem nos padrões antigos, formando famílias, acreditando em divindades e outras coisas abominadas por esse novo mundo.

É nesse lugar que ele encontra Linda e seu filho, e vê a oportunidade de ganhar reconhecimento levando-os para a civilização consigo.

Linda é vista com nojo por todos por possuir aparência mais envelhecida (ninguém lá envelhece, eles utilizam métodos que os deixam com aparência sempre jovem, mas em contrapartida diminuiu a expectativa de vida), por ser mais gorda e por ser “mãe”. Um dia ela pertenceu à civilização, antes de ter ido parar em Malpaís. Por esse motivo ela acaba por não pertencer a lugar nenhum. Nem à civilização de Malpaís, onde seu costume de se deitar com vários homens (aprovado na “civilização evoluída”) é visto com maus olhos, nem a sua verdadeira civilização Já seu filho, chamado por eles de “Selvagem” é visto com fascínio e curiosidade.

Uma das coisas que mais chama a atenção é exatamente essa atitude de Bernard, que antes, quando rejeitado pela sociedade, questionava-se em relação a ela, mas depois na ânsia de ser reconhecido, toma atitudes para que ela o aceite. Apesar de contraditório, quantas pessoas não agem da mesma maneira?

O contraste entre as civilizações, a “antiga” e a “nova”, é uma das partes mais importantes do livro.

Admirável mundo novo é um livro incrivelmente atual, que fala de uma sociedade com valores invertidos, onde famílias e laços não mais existem, onde prazer e as sensações estão acima de tudo, onde as frustrações são abafadas por drogas e onde a falsa ideia de felicidade camufla um dos piores inimigos do homem: a solidão.

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