Exercícios de morfologia e formação de palavras


1 (Uece)

Retrato do artista quando coisa
A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
– eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

BARROS, Manoel. O retrato do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1998.

Levando em conta as relações de sentido presentes no texto de Manoel de Barros, é correto afirmar que o conteúdo temático geral do poema se estabelece na seguinte oposição semântica:

a) humanização versus coisificação.
b) riqueza versus pobreza.
c) ação versus inércia.
d) grandeza versus pequenez.

2 (Enem)

Apesar de

Não lembro quem disse que a gente gosta de uma pessoa não por causa de, mas apesar de. 1 Gostar daquilo que é gostável é fácil: gentileza, bom humor, inteligência, simpatia, 2  tudo isso a gente tem em estoque 3 na hora em que conhece uma pessoa e 4 resolve conquistá-la. Os defeitos ficam guardadinhos nos primeiros dias e só então, com a convivência, vão saindo do esconderijo e revelando-se no dia a dia. Você então descobre que ele não é apenas gentil e doce, mas também um tremendo casca-grossa quando trata os próprios funcionários. E ela não é apenas segura e determinada, mas uma chorona que passa 20 dias por mês com TPM. E que ele ronca, e que ela diz palavrão demais, e que ele é supersticioso por bobagens, e que ela enjoa na estrada, e que ele não gosta de criança, e que ela não gosta de cachorro, e agora? Agora, convoquem o amor 5 para resolver essa encrenca.

MEDEIROS, M. Revista O Globo, n. 790, 12 jun. 2011 (adaptado).

Há elementos de coesão textual que retomam informações no texto e outros que as antecipam. Nos trechos, o elemento de coesão em negrito que antecipa uma informação do texto é

a) “Gostar daquilo que é gostável é fácil” (ref. 1)
b) “tudo isso a gente tem em estoque” (ref. 2)
c) “na hora em que conhece uma pessoa” (ref. 3)
d) “resolve conquistá-la” (ref. 4)
e) “para resolver essa encrenca” (ref. 5)

3 (Fuvest-SP)

Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objetivos e esforços, dotamo-la de um significado que tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de pensar. 1 Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna.

As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. Não nos dirigimos a elas diretamente, mas contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que um anterior.

Cada aspecto surge na sua altura própria, que não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está perdido porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores.

Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.

No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se, deste modo, arte moderna” (ref. 1), as expressões sublinhadas podem ser substituídas, sem prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por

a) realmente; portanto.
b) invariavelmente; ainda.
c) com efeito; todavia.
d) com segurança; também.
e) possivelmente; até.

4 (Unifesp)

Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?

Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “1 olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social. (…)

Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades 2 emocionalmente
mais realizadoras”.

(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)

Analisando-se o emprego e a estrutura das palavras “olhadinha” (ref. 1) e “emocionalmente” (ref. 2), é correto afirmar que os sufixos nelas presentes indicam, respectivamente, sentido de

a) morosidade e intensidade.
b) modo e consequência.
c) rapidez e modo.
d) intensidade e causa.
e) afeto e tempo.

5 (Unicamp-SP)

(“Caneta Desmanipuladora.” Facebook. 17/10/2016.
Disponível em: <https://www.facebook.com/canetadesmanipuladora/>.
Acesso em: 15 jul. 2017.)

Em relação ao post adaptado da página do Facebook “Caneta Desmanipuladora”, é correto afirmar que a “desmanipulação” (substituição de “já” por “só” e acréscimo de “até agora”) explicita a tentativa do jornal de levar o leitor a pensar que

a) ainda falta muito a ser pago pela mineradora e  há atrasos no pagamento.
b) a Samarco teria pago uma grande parte do que devia e o prazo provavelmente está sendo cumprido.
c) a Samarco já quitou o que devia, conforme valor homologado na justiça.
d) a mineradora não deveria arcar sozinha com a despesa da tragédia de Mariana.

6 (Unifesp) Leia um trecho do artigo “Reflexões sobre o tempo e a origem do Universo”, do físico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder à questão a seguir.

Qualquer discussão sobre o tempo deve começar com uma análise de sua estrutura, que, por falta de melhor expressão, devemos chamar de “temporal”. É comum dividirmos o tempo em passado, presente e futuro. O passado é o que vem antes do presente e o futuro é o que vem depois. Já o presente é o “agora”, o instante atual.

Isso tudo parece bastante óbvio, mas não é. Para definirmos passado e futuro, precisamos definir o presente. Mas, segundo nossa separação estrutural, o presente não pode ter duração no tempo, pois nesse caso poderíamos definir um período no seu passado e no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em nossas definições, o presente não pode ter duração no tempo. Ou seja, o presente não existe!

(Folha de S.Paulo, 07.06.1998.)

Os pronomes destacados no texto referem-se a

a) “tempo”.
b) “separação”.
c) “presente”.
d) “período”.
e) “caso”.

7 (Unifesp)

Do fundo de Pernambuco, o pai mandou-lhe um telegrama: “Não saia casa 3 outubro abraços”. (…) Não havia tempo a perder. Marcara encontros para o dia seguinte, e precisava cancelar tudo, sem alarde, como se deve agir em tais ocasiões. Pegou o telefone, pediu linha, mas a voz de d. Anita não respondeu. Havia tempo que morava naquele hotel e jamais deixara de ouvir o “pois não” melodioso de d. Anita, durante o dia. A voz grossa, que resmungara qualquer coisa, não era de empregado da casa;
insistira: “como é?”, e a ligação foi dificultosa, havia besouros na linha. 1 Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano*, disse que achava
pouco cem mil unidades, em tal emergência, e arrematou: “Dia 4 nós conversamos.” Vestiu-se, desceu.

Carlos Drummond de Andrade. Premonitório, in 70 historinhas. 2016.
* arma virumque cano: “canto as armas e o varão”
(palavras iniciais da epopeia Eneida, do escritor Vergílio, referentes ao herói Eneias).

“Falou rapidamente a diversas pessoas, aludiu a uma ponte que talvez resistisse ainda uns dias, teve oportunidade de escandir as sílabas de arma virumque cano” (ref. 1). Os termos em destaque constituem, respectivamente,

a) um pronome, uma preposição e um artigo.
b) uma preposição, um artigo, um artigo.
c) uma preposição, uma preposição e um artigo.
d) um artigo, um artigo e um pronome.
e) um pronome, uma preposição e um pronome.

8 (Unifesp) O processo de formação de palavras verificado em “estrutural” também está presente em

a) origem.
b) futuro.
c) portanto.
d) plasticidade.
e) momento.

GABARITO

1 a; 2 a; 3 a; 4 c; 5 b; 6 c; 7 c; 8 d

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