Exercícios de interpretação textual


INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

1 (Enem)

E aqui, antes de continuar este espetáculo, é necessário que façamos uma advertência a todos e a cada um. Neste momento, achamos fundamental que cada um tome uma posição definida. Sem que cada um tome uma posição definida, não é possível continuarmos. É fundamental que cada um tome uma posição, seja para a esquerda, seja para a direita. Admitimos mesmo que alguns tomem uma posição neutra, fiquem de braços cruzados. Mas é preciso que cada um, uma vez tomada sua posição, fique nela! Porque senão, companheiros, as cadeiras do teatro rangem muito e ninguém ouve nada.

FERNANDES, M.; RANGEL, F.
Liberdade, liberdade. Porto Alegre: L&PM, 2009.

A peça Liberdade, liberdade, encenada em 1964, apresenta o impasse vivido pela sociedade brasileira em face do regime vigente. Esse impasse é representado no fragmento pelo(a)

a) barulho excessivo produzido pelo ranger das cadeiras do teatro.
b) indicação da neutralidade como a melhor opção ideológica naquele momento.
c) constatação da censura em função do engajamento social do texto dramático.
d) conotação entre o alinhamento político e a posição corporal dos espectadores.
e) interrupção do espetáculo em virtude do comportamento inadequado do público.
2 (Enem)

Há cerca de dez anos, estimava-se que 11,2% da população brasileira poderiam ser considerados dependentes de álcool. Esse índice, dividido por gênero, apontava que 17,1% da população masculina e 5,7% da população feminina eram consumidores da bebida. Quando analisada a distribuição etária desse consumo, outro choque: a pesquisa evidenciou que 41,2% de estudantes da educação básica da rede pública brasileira já haviam feito uso de álcool. 

Dados atuais apontam que a porcentagem de dependentes de álcool subiu para 15%. Estima-se que o país gaste 7,3% do PIB por ano para tratar de problemas relacionados ao alcoolismo, desde o tratamento de pacientes até a perda da produtividade no trabalho.

A indústria do álcool no Brasil, que produz do açúcar ao álcool combustível, movimenta 3,5% do PIB.

Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 28, n. 4, dez./ 2006, disponível em: <www.alcoolismo.com.br> (com adaptações).

A partir dos dados apresentados, conclui-se que

a) o país, para tratar pessoas com problemas provocados pelo alcoolismo, gasta o dobro do que movimenta para produzir bebida alcoólica.
b) o aumento do número de brasileiros dependentes de álcool acarreta decréscimo no percentual do PIB gasto no tratamento dessas pessoas.
c) o elevado percentual de estudantes que já consumiram bebida alcoólica é indicativo de que o consumo do álcool é problema que deve ser enfrentado pela sociedade.
d) as mulheres representam metade da população brasileira dependente de álcool.
e) o aumento na porcentagem de brasileiros dependentes de álcool deveu-se, basicamente, ao crescimento da indústria do álcool.

 

3 (Enem)

Texto I

Poema de sete faces
Mundo mundo vasto mundo,
Se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
ANDRADE, C. D. Antologia poética.

Texto II

CDA (imitado)
Ó vida, triste vida!
Se eu me chamasse Aparecida
dava na mesma.

FONTELA, O. Poesia reunida.

Orides Fontela intitula seu poema “CDA”, sigla de Carlos Drummond de Andrade, e entre parênteses indica “imitado” porque, como nos versos de Drummond,

a) apresenta o receio de colocar os dramas pessoais no mundo vasto.
b) expõe o egocentrismo de sentir o coração maior que o mundo.
c) aponta a insuficiência da poesia para solucionar os problemas da vida.
d) adota tom melancólico para evidenciar a desesperança com a vida.
e) invoca a tristeza da vida para potencializar a ineficácia da rima.

 

4 (Fuvest-SP)

Quando Bernal Díaz avistou pela primeira vez a capital asteca, ficou sem palavras. Anos mais tarde, as palavras viriam: ele escreveu um alentado relato de suas experiências como membro da expedição espanhola liderada por Hernán Cortés rumo ao Império Asteca. Naquela tarde de novembro de 1519, porém, quando Díaz e seus companheiros de conquista emergiram do desfiladeiro e depararam-se pela primeira vez com o Vale do México lá embaixo, viram um cenário que, anos depois, assim descreveram: “vislumbramos tamanhas maravilhas que não sabíamos o que dizer, nem se o que se nos apresentava diante dos olhos era real”.

Matthew Restall. Sete mitos da conquista espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006, p. 15-16. Adaptado.

 

O texto mostra um aspecto importante da conquista da América pelos espanhóis, a saber,

a) a superioridade cultural dos nativos americanos em relação aos europeus.
b) o caráter amistoso do primeiro encontro e da posterior convivência entre conquistadores e conquistados.
c) a surpresa dos conquistadores diante de manifestações culturais dos nativos americanos.
d) o reconhecimento, pelos nativos, da importância dos contatos culturais e comerciais com os europeus.
e) a rápida desaparição das culturas nativas da América Espanhola.

 

5 (Fuvest-SP)

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
[…] Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Gonçalves Dias, Primeiros cantos.

Canto do regresso à pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá

 

Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
[…] Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

Oswald de Andrade, Pau-Brasil.

a) Considerando que os poemas foram escritos, respectivamente, em 1843 e 1924, caracterize seus contextos históricos sob os pontos de vista político e social.

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b) Comparando os dois poemas, indique uma diferença estética e uma diferença ideológica entre ambos.

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6 (Enem)

Texto I

A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Rodrigues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, sendo também encontrada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena e apresenta complexidades em sua fonologia e sintaxe. Sua característica principal é o uso de diferentes alturas na voz.

O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela proximidade de cidades ou mesmo pela convivência com falantes de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, esses outros falantes são minoritários e acabam por se submeter à realidade ticuna, razão pela qual, talvez, não representem uma ameaça linguística. 

Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado).

Texto II

Riqueza da língua

“O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na presente”, dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. A profecia se cumpriu: o inglês é hoje a língua franca da globalização. No extremo oposto da economia linguística mundial, estão as línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje se falem de 6000 a 7000 línguas no mundo todo. Quase metade delas deve desaparecer nos próximos 100 anos. A última edição do Ethnologue – o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais –, de 2005, listava 516 línguas em risco de extinção.

Veja, n. 36, set. 2007 (adaptado).

Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, cujas realidades se aproximam em função do(a) 

a) semelhança no modo de expansão.
b) preferência de uso na modalidade falada.
c) modo de organização das regras sintéticas.
d) predomínio em relação às outras línguas de contato.
e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias.
7. Em 2013, o colunista Antônio Prata escreveu um irônico artigo, intitulado “Guinada à direita”, que procurava explicar os problemas do país. Num dado momento, ele dizia:

 

(…) Como todos sabem, vivemos num totalitarismo de esquerda. A rubra súcia domina o governo, as universidades, a mídia, a cúpula da CBF e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, na Câmara. O pensamento que se queira libertário não pode ser outra coisa, portanto, senão reacionário. E quem há de negar que é preciso reagir? Quando terroristas, gays, índios, quilombolas, vândalos, maconheiros e aborteiros tentam levar a nação para o abismo, ou os cidadãos de bem se unem, como na saudosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que nos salvou do comunismo e nos garantiu 20 anos de paz, ou nos preparemos para a barbárie.

Se é que a barbárie já não começou… Veja as cotas, por exemplo. Após anos dessa boquinha descolada pelos negros nas universidades, o que aconteceu? O branco encontra-se escanteado. Para todo lado que se olhe, da direção das empresas aos volantes dos SUVs, das mesas do Fasano à primeira classe dos aviões, o que encontramos? Negros ricos e despreparados caçoando da meritocracia que reinava por estes costados desde a chegada de Cabral.

Antes que me acusem de racista, digo que meu problema não é com os negros, mas com os privilégios das “minorias”. Vejam os índios, por exemplo. Não fosse por eles, seríamos uma potência agrícola. O Centro-Oeste produziria soja suficiente para a China fazer tofus do tamanho da Groenlândia, encheríamos nossos cofres e financiaríamos inúmeros estádios padrão Fifa, mas, como você sabe, esses ágrafos, apoiados pelo poderosíssimo lobby dos antropólogos, transformaram toda nossa área cultivável numa enorme taba. Lá estão, agora, improdutivos e nus, catando piolho e tomando 51. (…)

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2013/11/1366185-guinada-a-direita.shtml

Entre as expressões irônicas usadas por Prata, não podemos citar:

a) saudosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que nos salvou do comunismo e nos garantiu 20 anos de paz.
b) Veja as cotas, por exemplo. Após anos dessa boquinha descolada pelos negros nas universidades, o que aconteceu? O branco encontra-se escanteado.
c) Antes que me acusem de racista, digo que meu problema não é com os negros (…).
d) Vejam os índios, por exemplo. Não fosse por eles, seríamos uma potência agrícola. O Centro-Oeste produziria soja suficiente para a China fazer tofus do tamanho da Groenlândia (…).
e) esses ágrafos, apoiados pelo poderosíssimo lobby dos antropólogos, transformaram toda nossa área cultivável numa enorme taba.

 

8. Nos dias seguintes à publicação da crônica de Prata, inúmeros leitores escreveram para a Folha: alguns indignados com o preconceito do colunista, e muitos outros parabenizando-o pela coragem de apontar os verdadeiros culpados pelos problemas  brasileiros. Isso levou o articulista a um novo texto, cujo título, provocativo, era “Abaixo, a ironia”:

Domingo passado, escrevi aqui uma crônica em que satirizava o discurso mais raivoso da direita brasileira.

Muita gente não entendeu: alguns se chocaram pensando que eu de fato acreditava que o problema do país era a suposta supremacia de negros, homossexuais, feministas, índios e o “poderosíssimo lobby dos antropólogos”; outros me chocaram, cumprimentando-me pela coragem (!) de apontar os verdadeiros culpados por nosso atraso. Volto ao tema para que não haja risco algum de eu estar reforçando as ideias nefastas que tentei ridicularizar. 

(…) Na crônica de domingo, achei que havia carregado o bastante nas tintas retrógradas para que a sátira ficasse evidente. Descrevi um quadro que, pensava eu, só poderia ser pintado por um paranoico delirante.

(…) Talvez, infelizmente, não: fui menos grosseiro, violento e delirante na sátira do que muitos têm sido a sério. (…)

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2013/11/1369328-abaixo-a-ironia.shtml 

Com base nos conceitos de maioria e minoria, responda:

a) quais são os grupos minoritários apontados por Prata em cada texto?

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b) com base na reação de parte do público, que concordou com o discurso preconceituoso do primeiro texto, pode-se afirmar que essas pessoas compreenderam efetivamente o que é a democracia? Explique sua resposta.

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9. (Enem)

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. 

BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a)

a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.

 

10. Por causa da questão anterior, houve, no final de 2015, uma série de protestos, que acusavam o Enem de doutrinação. Caso emblemático se deu na Câmara de vereadores de Campinas, que aprovou uma moção de repúdio “contra a inserção de questão de temática de ideologia de gênero, por meio de pensamento de Simone de Beauvoir, na prova do Enem de 2015”. É disso que trata o fragmento a seguir, extraído de uma reportagem da época:

(…) Para o autor da moção, o vereador Campos Filho (DEM), o governo federal tenta forçar algo que a sociedade repudia.

“A iniciativa do governo federal é demoníaca. Eles estão querendo empurrar goela abaixo da população o que está no Enem. Nos posicionamos de maneira contrária. A grande maioria é favorável à lei da natureza: homem é homem e mulher é mulher”, afirmou. 

Para o vereador Prof. Alberto (PR), é preciso levar a população cristã em consideração. “Isso é uma ideologia. A realidade é que você nasce mulher, sim. Agora, vem com essa história e acha que tem que impor na sociedade brasileira, sabendo que nossa sociedade tem tradição cristã. Foi fundada na insígnia da cruz”, disse, em plenário. 

O vereador Jairson Canário (SD) também evocou a religião ao criticar a questão do Enem. “Nosso Deus sabe de tudo, do princípio ao fim. Aqueles que acreditam que Deus existe, deveriam crer que se fosse essa a vontade de Deus, ele teria criado Adão com dois órgãos genitais”, bradou aos colegas parlamentares.(…)

http://educacao.uol.com.br/noticias/2015/10/30/vereadores-de-campinas-aprovam-mocao-contra-enem-esimone-de-beavoir.htm 

Comparando as declarações dos vereadores à questão do Enem, responda:

a) os vereadores entenderam a reflexão de Beauvoir? Explique sua resposta.

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b) a questão do Enem exigia que se concordasse com a filósofa francesa? Explique sua resposta.

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c) considerando os valores que estão por trás das opiniões dos vereadores de Campinas, pode-se dizer que mulheres e transexuais são grupos minoritários? Explique sua resposta.

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Texto para a questão 11:

O pastor e deputado federal Marco Feliciano publicou ontem na internet um vídeo em que ataca o que chama de cristofobia na Parada Gay e convoca líderes religiosos para uma ação coletiva contra manifestações consideradas abusivas por ele. (…) 

O vídeo gravado pelo pastor mostra a imagem de uma transexual vestida de Jesus crucificado. A ação da manifestante Viviany Beleboni foi uma das mais polêmicas da Parada. Fotos de outras manifestações LGBT também foram usadas por Feliciano. 

“Estou indignado com o que aconteceu na Parada Gay de são Paulo. Pegaram os símbolos da minha fé, da fé cristã, e expuseram publicamente num ato de completa falta de respeito”, disse Feliciano no vídeo. Para ele, os líderes religiosos precisam “sair dos gabinetes” e agir contra manifestações como a de domingo.

“Eles dizem que é liberdade de expressão. Pegar um crucifixo e colocar num orifício do seu corpo é só liberdade de expressão, pegar um travesti e colocar numa cruz, colocar alguém fantasiado de jesus beijando outro homem na boca é só liberdade de expressão”, afirmou ainda. 

Em entrevista à imprensa, a manifestante Viviany Beleboni disse que sua intenção não foi ofender a religião cristã. “Usei as marcas de Jesus, que foi humilhado, agredido e morto. Justamente o que tem acontecido com muita gente do meio GLS, mas com isso ninguém se choca”, disse ao G1. Viviany relata ter recebido ameaças após sua manifestação na Parada. (…)

http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/em-video-feliciano-ataca-cristofobia-na-parada-gay 
  1. Habitualmente, emprega-se o elemento –fobia para designar a aversão sistemática a um grupo social minoritário. Esse termo vem do grego phóbos, que designa a ação de horrorizar, de amedrontar, de provocar medo. Sabendo disso, responda:

a) na visão de Feliciano, o que seria a “cristofobia”?

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b) levando em consideração os valores dominantes na sociedade brasileira, é possível admitir a existência de “cristofobia”? Explique sua resposta.

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Texto para a questão 12:

O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu para que voltem às comissões da Casa dois projetos de sua autoria: o que cria o Dia do Orgulho Heterossexual e o que criminaliza o preconceito contra heterossexuais. 

Pela proposta, o “Dia do Orgulho Hetero” seria comemorado no terceiro domingo de dezembro. Ao apresentar o projeto em 2011, Cunha justificou que a proposta “visa a resguardar direitos e garantias aos heterossexuais de se manifestarem e terem a prerrogativa de se orgulharem do mesmo e não serem discriminados por isso”.

Segundo o peemedebista, “no momento em que se discute preconceito contra homossexuais, acabam criando outro tipo de discriminação contra os heterossexuais e, além disso, o estímulo da ‘ideologia gay’ supera todo e qualquer combate ao preconceito”.

Outro projeto de Cunha estabelece que as medidas e políticas antidiscriminatórias atentem para a questão dos héteros. A proposta prevê, entre outras medidas, que o governo punirá os estabelecimentos comerciais e industriais e demais entidades que, por atos de seus proprietários ou prepostos, discriminem pessoas em função de sua heterossexualidade ou contra elas adotem atos de coação ou violência.

O projeto fixa ainda que os crimes resultantes de discriminação contra heterossexuais serão punidos na forma da lei. O projeto também estabelece que impedir, recusar ou proibir o ingresso ou a permanência em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado, aberto ao público, será punido com pena de reclusão de um a três anos.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/02/1588991-presidente-da-camara-pede-volta-de--projeto-que-cria-dia-do-orgulho-hetero.shtml 
  1. O projeto de Cunha alega que, “no momento em que se discute preconceito contra homossexuais, acabam criando outro tipo de discriminação contra os heterossexuais”. Analisando essa informação, responda:

a) você acredita que o combate ao preconceito em relação aos homossexuais pode criar discriminação contra heterossexuais? Explique seu ponto de vista.

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b) você já ouviu falar de um caso em que alguém, por ser heterossexual, foi agredido, humilhado ou proibido de entrar em algum lugar? Diante disso, para que serviria o projeto de Cunha?

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GABARITO

1 c; 2 d; 3 c; 4 c

5 a) A “Canção do exílio”, de 1843, foi redigida no início do Segundo Reinado (1840/1889), quando o governo imperial impunha a política do “Regresso Conservador”, com o propósito de reprimir as rebeliões provinciais e criar um Estado unitarista, que impedisse o estilhaçamento da unidade territorial. Isso explica o tom nacionalista de Gonçalves Dias. Nesse momento histórico, a sociedade era predominantemente rural, escravista, patriarcal e aristocrática. Quanto ao poema de Oswald de Andrade, ele foi elaborado em 1924, no momento em que o regime oligárquico era alvo de violentas contestações dos tenentistas e das oligarquias dissidentes. Literariamente, havia nacionalismo ainda, mas sem os exageros do século anterior. Sobre a organização social nessa fase, deve-se salientar a expansão da urbanização e do trabalho assalariado.

b) Do ponto de vista estético, “Canção do exílio” é um texto tipicamente romântico, enquanto “Canto do regresso à pátria” é representativo da primeira fase do Modernismo brasileiro. Em decorrência disso, os poemas apresentam várias diferenças estilísticas: o texto de Gonçalves Dias vale-se, por exemplo, de pontuação convencional e rimas nos versos pares, e o de Oswald não usa vírgulas e não explora rimas programadamente. Do ponto de vista ideológico, “Canção do exílio” adota um tom ufanista, em que a distância da terra natal origina o sofrimento do eu lírico, que tem saudade das “palmeiras” e do “Sabiá”, tomados como símbolos

nacionais de um país que havia acabado de obter sua independência política. Já “Canto do regresso à pátria” adota um nacionalismo crítico, paródico, bem-humorado, em que os exageros românticos dão lugar a uma visão menos idealizada da pátria, que se mistura, sinedoquicamente, com a cidade de São Paulo.

6 d

7 c

8 a) No primeiro, ele cita “terroristas, gays, índios, quilombolas, vândalos, maconheiros e aborteiros”; no segundo, “negros, homossexuais, feministas, índios e o ‘poderosíssimo lobby dos antropólogos’”.

b) Não. A democracia pressupõe o respeito à vontade da maioria, desde que os direitos das minorias estejam assegurados. Muitas pessoas veem essa garantia como uma espécie de privilégio e não percebem que esse pensamento é autoritário e, portanto, antidemocrático, pois impõe a toda a sociedade o que são os valores dos grupos que têm maior poder de pressão social.

9 c

10 a) Não. Eles julgaram a filósofa francesa estava falando sobre pessoas trans, quando na realidade ela falava das mulheres, apontando que ser mulher não é uma questão meramente biológica, mas envolve a percepção do papel da mulher em cada cultura. Portanto, tornar-se mulher é construir uma identidade, e não uma imposição fisiológica.

b) Não. A questão apenas relacionava as ideias de Simone de Beauvoir aos movimentos sociais da década de 1960, que lutavam, entre outras coisas, pela igualdade de direitos entre homens e mulheres.

c) Sim. O fato de essa moção de repúdio ter sido aprovada indica que, para os vereadores de Campinas (curiosamente, os três citados na reportagem são homens, religiosos, de partidos conservadores), discussões envolvendo mulheres ou a comunidade LGBT são perigosas e que esses grupos ainda não têm suas demandas atendidas pelo poder público.

11 a) Seria a aversão aos cristãos, que se manifestaria no desrespeito aos símbolos e aos valores religiosos, sob o argumento da liberdade de expressão.

b) Não. O Brasil é um país cristão. Nossa Constituição fala de “Deus”, há crucifixos em gabinetes de juízes, muitos dos nossos feriados nacionais seguem o calendário de festas católicas e mais de 85% da população se declara cristã (os dados são do censo do IBGE de 2010). Há, portanto, elementos para concluir que os cristãos são um grupo maioritário no país, que pode impor seus valores devido ao enorme poder pressão social que possui. Isso não combina com a acusação de perseguição.

12 a) A resposta esperada é, obviamente, “não”. Essa tese parte do pressuposto, falso, de que assegurar direitos a uma minoria ameaça as conquistas da maioria. O direito, por exemplo, ao casamento homoafetivo não causa nenhuma mudança para pessoas de outra orientação sexual.

b) Cremos que a resposta será “não”, o que mostraria que o projeto de Cunha procura inverter a relação de opressão, como se grupos majoritários pudessem tornar-se vítimas apenas pelo fato de estarmos reconhecendo direitos iguais a todos os cidadãos,“sem distinção de qualquer natureza”, como prega nossa Constituição.

 

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